Com o impeachment de Dilma Rousseff, o Brasil está finalmente saindo do marasmo que o dominou nos últimos anos. Os fundamentos da economia Brasileira nunca estiveram em dúvida, mas a crise política lançou uma das economias de mais rápido crescimento do mundo em uma espiral descendente. O pior parece ter passado, com a moeda recuperando de maneira inteligente algumas de suas perdas e o índice de referência movendo-se na direção certa.
Os investidores estão demonstrando interesses renovados no Brasil, já que a economia mostrou sinais claros de recuperação nos últimos 12 meses. A maioria dos investidores e analistas agora está otimista sobre o futuro da economia, e esperam um grande crescimento nos próximos anos.
Desde o Impeachment da Srta. Rousseff, em Agosto, a Ibovespa, o índice de ações de referência, ganhou mais de 40%. O real Brasileiro ganhou cerca de 23% sobre o dólar Americano neste ano. Os analistas esperam que a tendência continue, e ganhe momentum conforme o governo do Presidente Interino Michel Temer, amigável aos investidores, entrega sua prometida reforma econômica.
Economic Reforms & Growth
A primeira dessas reformas aconteceu em Outubro de 2016, quando o congresso aprovou uma PEC para impedir quaisquer aumentos nos gastos orçamentários por até 20 anos. Isso permitirá que as finanças públicas fiquem firmes novamente, depois de perderem a direção durante o último governo.
De acordo com AlejoCzerwonko, especialista em economias emergentes da UBS Wealth Management, o governo está fazendo o prometido, o que deu um momentum muito forte à recuperação. Depois de um longo tempo, o Brasil começou a ficar mais atraente para os investidores na vizinha Argentina, que era a favorita para após a posse do Presidente Mauricio Macri, amigável ao mercado.
O governo anterior da Sra. Roussef havia assustado os investidores com suas políticas falhas. Suas medidas intervencionistas levaram a um aumento alarmante dos déficits orçamentários e a um enorme aumento da dívida pública. Sob Roussef, o débito do governo estava perto de 70% do PIB. Era impossível sustentar isso, considerando as altas taxas de juros do Brasil. Com investidores ficando à margem, a economia entrou em queda. Espera-se uma perca de 7% em dois anos até o final de 2016. A boa notícia é que existem sinais definitivos de uma reviravolta.
Nos últimos cinco meses, a confiança dos clientes tem aumentado e está no auge desde o início de 2015. A confiança das empresas na indústria também está no seu nível mais alto desde julho de 2014. A inflação, um dos piores inimigos da economia, caiu e está no seu nível mais baixo em mais de dois anos. Isso dá ao Banco Central, o banco central do país, algum espaço para reduzir as taxas de juros. Agora, pode-se considerar reduzir a taxa SELIC de referência de sua alta atual de 14,25%.
Especialistas acham que a tão esperada redução das taxas de juros dará mais impulso à recuperação e melhorará o sentimento do mercado. David Beker, economista da Bank of America - equipe da Merrill Lynch, espera um corte melhor do que o previsto nas taxas de juros. Ele prevê um corte maior de 450 pontos base contra a expectativa do mercado, de 350 pontos base. Isto dará um impulso adicional aos mercados. Ele espera que as taxas de juros baixem e, eventualmente, se estabilizem abaixo de 10%, já que a inflação se aproxima da meta do banco central de 4,5%.
Alguns analistas de mercado são de opinião que, em vez de fundamentos, é a demonstração de vontade política e expectativa de estabilidade política que está impulsionando o otimismo e sentimento de mercado. O presidente Temer está demonstrando cada vez mais a capacidade de romper as barreiras políticas que vêm no caminho das reformas. Seu partido veio através da primeira volta das eleições municipais sem nenhuns contratempos sérios.
Embora não tenha tido êxito nas maiores cidades do Rio e São Paulo, o partido PMDB de Temer obteve o maior número de prefeituras nas eleições municipais. Isso aumentou as chances de o presidente ser capaz de obter um orçamento favorável ao mercado passado pelo congresso. É provável que seja seguido por outras contas como a segurança social e reforma trabalhista. O Congresso também está considerando reformas menores, como a quebra do monopólio da estatal Petrobras no que se trata de obter acesso a grandes blocos de exploração de petróleo. Estes blocos podem em breve ser abertos a operadores privados.
De acordo com AlejoCzerwonko, a esperada seqüência de grandes reformas deve manter o mercado acionário brasileiro em trajetória ascendente por algum tempo, apesar da relação preço / lucro futura de 12 meses do MSCI Brasil estar negociando bem acima da média histórica. Embora os ganhos não sejam tão acentuados quanto o que vimos até agora neste ano, ele espera que a tendência de alta continue.
Analistas dizem que o ritmo notável da esperada recuperação surpreenderá a maioria dos jogadores e observadores do mercado. De uma queda livre durante os últimos anos, o declínio na economia deve cair para cerca de 3,5% este ano, seguido por um crescimento de cerca de 1,5% em 2017.
Os especialistas, no entanto, não esperam que as reformas sejam aprovadas sem nenhuma oposição. Algumas medidas não-populistas, como mudanças nos sistemas de pensões e emendas às leis trabalhistas, provavelmente terão dificuldades devido à oposição pública. Isto coloca alguma incerteza sobre o apoio contínuo do congresso para o processo de reforma.
Com as eleições previstas para 2018 e as campanhas com início previsto para o final de 2017, tanto o partido no poder como o congresso podem não estar dispostos a promover reformas impopulares. O escândalo de corrupção da Petrobras que condenou o governo de Rousseff é outra causa de preocupação. O presidente Temer e membros de seu partido ainda não estão fora da floresta no que diz respeito às investigações sobre o escândalo.
Segundo Walter Molano da BCP Securities, apesar das dúvidas e dos riscos, o Brasil continua a ser o melhor lugar para investidores este ano. O mercado é susceptível de ver grandes crescimentos já que avaliações ainda não atuam na possibilidade das reformas prováveis e crescimento econômico. Atualmente, o Brasil é o melhor mercado para investidores na América Latina, superando inclusive a Argentina. As baixas valorizações e a direção política certa podem ser uma combinação vencedora enorme para os investidores.
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